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Falchion, o amargo remédio para os dragões enlouquecidos de Fire Emblem

“As presas que [os homens] não têm, e a esperança que eles merecem”.

Na série Fire Emblem, pioneira do subgênero TRPGFalchion, também chamada de Kingsfang, é uma espada divina forjada por Naga (líder dos dragões divinos), a partir de uma de suas presas. Aparecendo principalmente na subsérie Archanea, Falchion é a primeira espada importante da franquia e, em suas múltiplas aparições, provou ser uma arma fundamental para matar alguns dos principais antagonistas da franquia.


Nos continentes em que se passam os jogos de Fire Emblem, são conhecidas duas distintas lâminas chamadas “Falchion”. Uma delas foi empunhada na região de Archanea e, posteriormente, em Ylisse, com modificações; e a outra foi empunhada em Valentia.

Entenda como essas duas lâminas se relacionam, no passado e no futuro, e confira nesta matéria um pouco da história da Falchion, que, apesar de não tão popular quanto a Keyblade de Kingdom Hearts ou as Blades of Chaos de God of War, é uma das mais clássicas e tradicionais espadas do mundo dos videogames — e até mesmo mais antiga que a Master Sword de The Legend of Zelda.

Shadow Dragon and the Blade of Light (Famicom/Switch)

O início da história dessa espada pode ser visto como uma introdução aos eventos do primeiro título da série, Fire Emblem: Shadow Dragon and the Blade of Light (Switch); de início lançado exclusivamente no Japão, para Famicom, em 1990.

Durante a guerra contra os Dragões Degenerados, a líder dos Dragões Divinos, Naga, criou armas com suas próprias presas. Uma das presas se tornou a base para o Emblema do Fogo (Fire Emblem) que foi usado para selar os dragões degenerados; e outra foi usada para forjar a espada Falchion.

Devido à sua origem nas presas de um Dragão Divino, a lâmina detém um forte poder contra Dragões, o que figura entre as características descritas na espada do primeiro jogo da franquia:
"Manejável apenas por  Marth. Eficaz contra dragões; sela todos os ataques diretos que não sejam de dragões. Pode ser usado como um  item para restaurar HP."
Marth com a Falchion em Super Smash Bros. Ultimate (Switch)
Antes dos eventos iniciais do primeiro Fire Emblem, existem os eventos da Guerra das Sombras. Na ocasião, quando o feiticeiro Medeus levou Manaketes (dragões que podem assumir forma humana) à guerra contra a humanidade, Falchion foi dada pelo dragão divino Gotoh ao herói Anri, com o objetivo de derrotar Medeus e deter o reinado de tirania dos Manaketes.

Depois que Anri derrotou Medeus, ele fundou o Reino de Altea, onde a lâmina era mantida, e passou para a linhagem real até que foi roubada pelo Rei Jiol de Gra, após a morte de Cornelius. Algum tempo depois, Gharnef roubou a lâmina de Gra na esperança de usá-la para orquestrar a ressurreição de Medeus.

O príncipe de Altea, Marth, protagonista do primeiro Fire Emblem, eventualmente derrota o Rei Jiol na esperança de recuperar a lâmina, mas descobre que Gharnef a tinha em sua posse. Na sequência, Gharnef é morto por um membro do exército de Marth usando o feitiço Starlight, permitindo que Marth recupere a lâmina e a use para derrotar Medeus mais uma vez.

No remake do primeiro título para DS, Fire Emblem: Shadow Dragon, é possível, com Marth, empunhar uma versão mais fraca e mais pesada da Falchion, cujas origens são desconhecidas.

Gaiden (Famicom)

Na sequência da série de 1992 para o Famicom, Fire Emblem Gaiden, outra Falchion fez história em um novo continente, Valentia. Empunhada por um novo herói, Alm, a Falchion de Valentia, como pode ser chamada, é significativamente diferente da que Marth usou em Shadow Dragon and the Blade of Light, sendo eficaz contra monstros em geral e contra Duma, de modo particular, se tratando de dragões.
“Manejável apenas por Alm. Eficaz contra monstros; restaura 5 HP por turno. Capaz de danificar Duma em 52 HP ou menos.”



Quando o dragão divino Duma foi exilado de Archanea por Naga, Mila, sua irmã mais nova, o acompanhou. Mas, antes de sua partida, uma espada foi criada a partir de uma das presas de Naga; no caso em que ele e Mila perdessem o controle de si mesmos e degenerassem. Tal espada foi a primeira Falchion que Duma manteve em sua posse.
“Veja bem a Falchion, que você agora possui. Foi esculpida da presa de Naga, governante dos dragões, para separar os deuses. Pois Naga sabia que havia apenas uma loucura rastejante esperando no fim da eternidade. É uma ruína que todos os dragões compartilham. E o único fim é a destruição total. Foi assim que Naga cedeu a Falchion para Duma. Fez isso para se preparar para o dia em que nossa loucura levaria a terra à ruína, para que o povo tivesse um meio de nos destruir. Falchion pode se tornar as presas que eles não têm ... e a esperança que eles merecem.” — Fala de Mila sobre a Falchion de Valentia
Milhares de anos depois, testemunhando a corrupção provocada pela confiança nos deuses e prevendo que sua queda na insanidade destruiria Valentia, o imperador Rodolfo de Rigel pede a lâmina do próprio Duma para selar Mila.

Mila é eventualmente selada dentro da espada, dando a ela o poder de matar monstros criados por Duma. No entanto, Mila consegue selar Falchion longe do uso humano, para que eles não pudessem usar a lâmina contra Duma, apenas cedendo o controle para Alm, depois que ele provou que a humanidade poderia sobreviver sem os deuses.

No remake do jogo para 3DS, Fire Emblem Echoes: Shadows of Valentia, devido ao poder do “Turnwheel de Mila” (Mila's Turnwheel), versões fantasmas de Marth e Lucina podem ser convocadas, ambas as quais vêm pré-equipadas com suas respectivas versões de Falchion. Confira quais são essas versões no próximo tópico.

Awakening (3DS)

2.000 anos depois de que Marth originalmente empunhou a clássica Falchion para encerrar a “Guerra das Sombras” (War of Shadows), a lâmina teria sido transmitida, de modo contínuo, através da linhagem do herói, mudando drasticamente sua aparência até chegar à sua forma conhecida em Fire Emblem Awakening. Os eventos dessa história têm por palco o mesmo continente do primeiro jogo da série, homenageando-o, porém agora chamado Ylisse.

A discrepância na forma da arma ao longo do tempo é explicada por Owain em uma de suas interações com Lucina. O cabo da espada, junto com a totalidade do “Escudo de Ligação” (Binding Shield) passou por repetidas manutenções ao longo dos séculos. Apenas a lâmina da Falchion sobreviveu ao teste do tempo, pois nunca enferruja, nem embota. Essa informação pode ser conferida no livro The Art of Fire Emblem: Awakening, no qual é dito que a lâmina é capaz de se auto reparar.

Arte conceitual de Chrom com a Falchion
Certa vez, a lâmina foi empunhada por um novo guerreiro, que também era conhecido como o “Primeiro Exalto” (First Exalt) de Ylisse. Ele usou tanto a Falchion quanto o Binding Shield para lutar contra o “Dragão Caído Grima” (Grima the Fell Dragon), que tentou levar o mundo à ruína. A lâmina, abençoada por Naga depois que ele realizou o ritual do Despertar (Awakening), permitiu que ele selasse Grima por 1000 anos.

Infelizmente, a destruição que o dragão causou impôs o continente a se reconstruir aos poucos; e muitas novas nações surgiram das cinzas.

Temporariamente resolvida a crise do continente, a Falchion de Ylisse e o Binding Shield tornaram-se tesouros nacionais, mas, a pedido das demais nações, o First Exalt removeu as cinco joias que compunham o Fire Emblem. Desse modo, Falchion perdeu muito de seu poder da benção de Naga, mas ainda, especialmente eficaz contra dragões.

Tempos depois, durante os eventos de Fire Emblem Awakening, a Falchion chegou às mãos de Chrom, o então príncipe de Ylisse, que a utiliza com exclusividade em vários conflitos durante todo o enredo de Awakening. Pois, dois anos após o fim da guerra entre Ylisse e Plegia, problemas surgiram não apenas com uma outra guerra iminente contra Valm, mas também com a ameaça da ressurreição do dragão Grima por Grimleal e seu líder, Validar.

No fim, embora Grima seja eventualmente ressuscitado, as cinco Gemas são reunidas e levadas para o Monte Prisma, o local mais sagrado da influência de Naga, permitindo que Chrom realize o “Despertar” (Awakening), assim transformando a lâmina em “Falchion Exaltada” (Exalted Falchion). Com Falchion em potência máxima, Chrom é capaz de derrotar Grima. Dependendo da escolha do jogador, Chrom selará Grima por mais mil anos ou Robin destruirá Grima para sempre.
Chrom com a Exalted Falchion em Fire Emblem Awakening
Em um futuro alternativo, a lâmina é usada por Chrom até que ele seja traído por um aliado próximo. A Falchion, então, chega às mãos de Lucina. É sugerido no Futuro Passado (DLC) e em alguns diálogos de Lucina que ela realizará o ritual do Awakening, porém ela não carregava todas as cinco Joias (Gemstones) no Emblema do Fogo (Fire Emblem), razão pela qual a lâmina foi incapaz de desbloquear seu poder total.

Com a destruição de seu futuro iminente, Naga enviou Lucina e os filhos dos heróis ao passado para evitar a ruína futura. Lucina trouxe para o passado a espada, agora também chamada Parallel Falchion, no intuito de salvar seu pai e prevenir seu final trágico. Confira a descrição da espada:
“Acessível apenas por Lucina e Marth; eficaz contra unidades de dragão e unidades de dragão do mal. Pode ser usado para recuperar 20 HP.”
Lucina utilizando a Parallel Falchion em Fire Emblem Awakening
Durante os eventos de Awakening, embora essa outra versão da Falchion tenha mais poder (12 pontos de poderio) do que a Falchion de Chrom em sua forma básica (cinco pontos de poderio), e mesmo possa prejudicar Grima mais do que a maioria das armas convencionais, ela ainda não tem o mesmo poder e a aparência da Exalted Falchion; portanto, ainda é incapaz de selar Grima.

Quanto à história do futuro alternativo, ela é retomada no DLC, a trilogia Futuro Passado (Future Past). Em síntese, Grima quase destrói todo o mundo, mas os filhos dos heróis de Awakening conseguem reunir as cincos Joias para dar a Lucina o poder de selar Grima por mais 1000 anos. Mas isso só foi possível graças também aos esforços dos pais, convocados da outra linha do tempo (com um fim glorioso).

Últimas aparições da Falchion

Graças aos amiibo de Chrom e Lucina, é possível utilizar ambas as versões da Falchion de Awakening em Fire Emblem Fates (3DS) com os respectivos personagens, e também Marth. Além disso, as várias formas da Falchion também foram disponibilizadas em spin-offs de Fire Emblem.

Em Fire Emblem Heroes, por exemplo, as quatro versões principais da espada, Falchion de Archanea, Falchion de Ylisse, Parallel Falchion e Falchion de Valentia, estão na posse, respectivamente, de Marth, Chrom, Lucina e Alm. Todas com o mesmo efeito contra dragões e a capacidade de restaurar HP do portador a cada três turnos. Ademais, também pode-se encontrar a Sealed Falchion, como evolução da Falchion de Ylisse; a Exalted Falchion, na posse de Marth (Hero King); e até a Dracofalchion, empunhada por Alm (Imperial Ascent).

Algumas das versões mencionadas da Falchion também aparecem em outro spin-off da franquia, Fire Emblem Warriors (Switch/3DS). E algumas delas também, aparentemente, estão presentes, de forma não canônica, em outros jogos, como na série Super Smash Bros. e em Tokyo Mirage Sessions ♯FE Encore (Switch).



É possível que você já tenha encontrado alguma outra aparição não-canônica da espada, principalmente em jogos da Intelligent Systems e em alguns títulos dirigidos por Masahiro Sakurai. Determinadas supostas aparições (algumas mais óbvias do que outras) são discutidas pelos fãs. Diga nos comentários se você já chegou a notar alguma outra referência a ela.  E O quão útil e interessante ela se mostrou em sua jornada nos mencionados jogos de Fire Emblem? Sentiu falta dela em Fire Emblem: Three Houses (Switch)? Será que retornará no próximo título da série?
Revisão: Felipe Fina Franco
Referências: Fire Emblem Wiki



Doutorando em Filosofia que passa seu tempo livre com piano, livros, PC e portáteis. No Twitter, também é conhecido como Vivi. Interessa-se especialmente por narrativas de ficção científica, realismo mágico e alta fantasia política, e aprecia mecânicas de puzzle, stealth, estratégia e RPG. Seu histórico de análises pode ser conferido no OpenCritic e suas reflexões sobre RPG e game design encontram-se na SUPERJUMP (textos em inglês), bem como no Podcast do Vivi e em seu canal no YouTube.
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