Análise: Iron Snout (Switch) e a diversão de se tornar um exército de um porco só

O mercado de jogos cresceu o suficiente para ter um faturamento anual de dar inveja até mesmo à indústria do cinema. Com isso, as grandes produções do gênero alcançam valores que superam ou equivalem a filmes hollywoodianos. Porém, sabemos que nem sempre foi assim. Boa parte dos jogadores ativos acompanhou essa evolução desde os seus primeiros passos e, portanto, ainda lembra com carinho dos jogos arcade de outrora, com suas propostas mais simples e foco na diversão.

Assim como em qualquer ramo, muitas desenvolvedoras grandes e conhecidas começaram “por baixo”. Seguindo seus passos, o mercado que hoje é conhecido pelos jogos independentes tornou-se tão competitivo com a expansão da distribuição de jogos eletrônicos através de meios digitais que, mesmo com boas idéias e uma produção de qualidade, torna-se difícil destacar-se da multidão. Iron Snout é um game que consegue aliar uma ideia divertida e bem executada a um visual moderno e à simplicidade dos games da era de ouro.

Bacon preparado

Já pensou como seria a história dos três porquinhos se, ao invés de construtores, eles fossem mestres de Kung Fu? Provavelmente o criador do game deve ter pensado em algo parecido, já que o conceito aqui é basicamente tomar o controle de um suíno que, cercado por um exército de lobos, precisa se defender apenas com suas patas e armas deixadas por inimigos ao serem atingidos, tentando sobreviver ao maior número possível de ataques. Foi derrotado? Comece novamente e tente aumentar seu recorde.

Enquanto jogamos, podemos desbloquear duas novas fases e algumas fantasias para o nosso guerreiro incomum. Sendo assim, começar uma partida é algo rápido e intuitivo, bastando escolher o modo de jogo, uma skin e um cenário. A primeira fase é baseada em uma floresta, a segunda na cidade e a terceira em um navio pirata. Apesar de os inimigos serem basicamente lobos fantasiados, eles utilizam armas diferenciadas, variando as maneiras de nos atacar, e isso é acompanhado pela mudança de ambiente. Enquanto na cidade você encontrará engravatados com bengalas e policiais com escudos anti-choque que precisam ser quebrados, na floresta há lobos com motosserras e lenhadores munidos de machados.

Além do modo clássico, no qual basta tentar derrotar o maior número de inimigos possível até que se esgote todo o contador de vidas, há um modo de morte súbita — tente derrotar o máximo de lobos sem tomar nenhuma pancada —, o PIG VS 100, que consiste em tentar derrotar cem lobos no menor tempo possível e, por fim, um modo de dois jogadores que se assemelha a uma partida de voleibol, já que vence quem fizer uma bola cair em um botão do lado do adversário algumas vezes. As fantasias são hilárias, com direito a papai noel e um porco zumbi.

O porquinho “porradeiro” localiza-se fixo no centro da tela e precisa se defender da alcatéia que o cerca pelas duas laterais. Os controles são bem simples, sendo possível utilizar apenas os direcionais — ou os botões ABYX, se preferir — para espancá-los, desviar de projéteis, lançá-los ao ar, pegar armas no ar, bater nos inimigos com elas, jogar os pedaços que sobram após elas se quebrarem e continuar emendando uma infinidade de combos divertidos com socos, chutes e objetos que me lembraram os melhores filmes do Jackie Chan.

A firmeza de uma casa de tijolos

Apesar de toda sua simplicidade, Iron Snout consegue ser extremamente divertido, entregando um conteúdo interessante para sua proposta e tornando-se uma boa opção para descansar a mente de outras jogatinas que exigem uma maior concentração. O game também não conta com nada muito elaborado em termos de gráficos, música e efeitos sonoros, mas percebe-se carinho e polimento no desenvolvimento, já que em nenhum quesito do game há um grande defeito aparente.

Um bom exemplo são os controles, bem responsivos e com opções satisfatórias para lidar com todas as situações. Se você toma uma pancada, sabe que a culpa foi sua, e isso te incentiva a continuar jogando mais algumas vezes. Por outro lado, não é um game que deve prender ninguém por muito tempo e, por isso, vale a pena considerar o investimento, que está em conta para quem recebe em dólar mas, no momento atual, não tanto para nós brasileiros.

Prós:

Gameplay divertido, com variedade de golpes e opções de ataque;
Inimigos distintos, que atacam de diversas maneiras;
Quantidade de conteúdo satisfatória, com modos extras, três fases e várias skins;
Controles simples e responsivos.