The Legend of Zelda: Oracle of Seasons/Ages (GBC) faz aniversário de 20 anos

Conheça um dos mais ousados e importantes títulos da biblioteca do Game Boy e talvez o mais inovador já lançado da série 2D de The Legend of Zelda.




Desenvolvido pela Flagship (uma subsidiária da Capcom), sob a supervisão de Yoshiki Okamoto, e publicado pela Nintendo em 2001 para Game Boy Color, The Legend of Zelda: Oracle of Seasons/Ages é uma dualogia (no projeto inicial, seria uma trilogia) de action-adventure que mistura mecânicas de ação em plataforma em perspectiva side-scrolling 2D e isométrica 3D com muitos elementos de aventura, como exploração, opções de diálogo e um foco narrativo. A história dos Oracle, protagonizada por Link, é ambientada nas regiões de Holodrum e Labrynnaem em uma era de declínio do reino de Hyrule, dentro de um período chamado de A Era de Luz e de Sombra, que contempla não só eventos desse jogo, mas também dos últimos títulos publicados da série para SNES e Game Boy.


Dentro da série The Legend of Zelda, os eventos de Oracle of Seasons/Ages passam-se cronologicamente após o fim de The Legend of Zelda: A Link to the Past (SNES), na linha do tempo em que o Herói do Tempo é derrotado por Ganondorf no final de The Legend of Zelda: Ocarina of Time (N64). Por sua vez, o sucessor da história de Oracle of Seasons/Ages seria seu antecessor, The Legend of Zelda: Link’s Awakening (GB), que recentemente (2019) recebeu um remake para Switch.

Quanto à cronologia de lançamento, porém, Oracle of Seasons/Ages é o segundo título da série para portáteis da família Game Boy, alguns anos depois de Link’s Awakening. Dado o fato de que o Game Boy Color tinha praticamente o mesmo hardware do Game Boy, alguns elementos de som e os gráficos (muitos sprites são reutilizados) foram reaproveitados de Link’s Awakening. A dualogia também conservou muitas mecânicas e a câmera em visão superior de seu antecessor, entre outras coisas.

Como em Link’s Awakening, por exemplo, os itens (incluindo a espada e o escudo) são utilizados com os botões A e B por meio de um inventário. Ao contrário de alguns jogos da série, não há atribuições de botões para os itens do inventário. Rúpias coletadas, os corações de vida e os dois itens equipados são mostrados em uma interface que consiste em uma barra amarela na parte superior da tela (semelhante novamente à de Link’s Awakening, localizada na parte inferior da tela).



Possibilidades narrativas e entrelaçamento de duas histórias em uma

Como a grande maioria dos jogos de The Legend of Zelda, cada um dos games apresenta oito dungeons regulares e um grande mundo superior para explorar. Isso é feito com a ajuda de um mapa do mundo, que é composto por uma grade de quadrados de 14 x 14, onde cada quadrado representa uma única tela. Empregando o diferencial de cores do GBC, à medida que Link explora o mundo superior, os "quadrados" relativos aos locais aos quais ele visitou tornam-se coloridos.

Como em outros títulos da série, aqui Link conta também com um guia. Ele é guiado pela Árvore Maku, um personagem importante em ambos os jogos, que o direcionará para a próxima dungeon, entre outras coisas. Ademais, como muitos jogos da série The Legend of Zelda, espera-se que o jogador se engaje em aventuras secundárias para obter mais recursos, como outros equipamentos e itens (bombas, arco, pá etc.), aprimorar alguns dos que possui e aumentar sua quantidade de corações de vida.

Uma característica particular do Oracle of Seasons/Ages é o fato de que certas escolhas feitas na aventura irão afetar o destino da história mais tarde, criando vários cenários possíveis. Entre essas variações, vale destacar o crescimento do personagem Bipsom desde a tenra infância e o emprego de um de três companheiros animais (e montarias) que acompanharão Link em sua aventura (Moosh, um urso voador; Dimitri, uma espécie de dinossauro; e Ricky, um canguru), cada qual com habilidades únicas que resultam em diferentes trajetórias para Link e diferentes action-puzzles para resolver. Um personagem, aliás, que costuma aparecer nesses momentos em Oracle of Ages e que também se tornou marcante na série nos títulos posteriores é Tingle.







As escolhas na narrativa afetam ainda as senhas obtidas para o outro jogo vinculado. Em se tratando de dois jogos lançados simultaneamente, Oracle of Seasons e Oracle of Ages estão vinculados por senhas que podem ser obtidas em uma ou outra história (na cronologia não há ordem pré-estabelecida para jogar um antes do outro). Para chegar ao final da história, é preciso terminar ambos os títulos.

Mas, além dos títulos terem diferenças na história que se complementam, os Oracle também possuem ênfases diferentes de gameplay. Enquanto Oracle of Ages explora mais a temporalidade e é mais baseado em puzzles, Oracle of Seasons explora mais a espacialidade e centra um pouco mais sua jogabilidade na ação. Ambos, porém, e cada qual a seu modo, com mecânicas únicas.

Alternando entre eras e estações

A principal mecânica de Oracle of Seasons está no uso da Vara das Estações. Com ele, Link pode manipular as quatro estações, permitindo-lhes resolver vários puzzles em sua jornada. Assim, um caminho, por exemplo, que pode ser bloqueado por uma grande árvore caducifólia pode ser contornado no inverno, quando as folhas caem. Em um outro caso, um determinado local com água pode ser atravessado no inverno, com a água congelada, e assim por diante. Contudo, o poder da vara é aos poucos incrementado. Quando Link obtém a vara, ele inicialmente só tem o poder de mudar a estação para o inverno. O resto das temporadas (que permitem que ele alcance novos locais no mundo superior) são adquiridas no decorrer do jogo.

Por outro lado, em Oracle of Ages, Link é capaz de viajar no tempo, assim resolvendo puzzles análogos àqueles das estações, na medida em que os cenários mudam de uma época para outra. Vale lembrar que a mecânica de viagem do tempo é algo que depois será explorado em outros títulos da série 3D, principalmente em Ocarina of Time.

Outro diferencial desses títulos é o uso das Gasha Seeds, que são sementes que aparecem exclusivamente em Oracle of Seasons e Oracle of Ages. Elas podem ser plantadas em determinadas manchas de solo mole espalhadas por Holodrum (ou Labrynna, em Oracle of Ages). Depois de um tempo, a árvore amadurece e Link pode coletar o único Gasha Nut que a árvore irá produzir. Dentro da noz, Link pode encontrar vários produtos, como Rúpias ou Anéis Mágicos.

Além disso, uma característica única do Oracle of Seasons e Oracle of Ages é o aparecimento de Magic Rings. Esses anéis (64 no total), quando usados, fornecem a Link uma variedade de bônus e habilidades, um tipo de recurso comum em RPGs. Alguns anéis aumentam sua força e defesa; outros aumentam suas habilidades de natação; ainda outro impede que Link deslize em pisos congelados; e alguns, como o Cursed Ring, até diminuem as habilidades de Link, tornando o jogo mais desafiador. Por fim, há anéis que simplesmente mudam a aparência de Link.

Um dos melhores Zeldas 2D já lançados

Oracle of Seasons/Ages foi comercialmente bem-sucedido, vendendo cerca de 4 milhões de unidades, tornando-se o terceiro jogo de Game Boy mais vendido no Japão (746.054 mil cópias) e o décimo terceiro título mais vendido do mundo, além de ter se tornado o mais vendido da série neste portátil. A recepção crítica à época também foi positiva. Com base em 23 análises da época, o antigo agregador GameRankings dava a média de 91.73% para Oracle of Seasons e, com base em 20 análises, 92.20% para Oracle of Ages.

Em um balanço geral de 2006 sobre todos os jogos já lançados até então para os consoles da Nintendo, a Nintendo Power considerou esses títulos o trigésimo quarto (Seasons) e o trigésimo nono (Ages) melhores jogos. Os jogos Oracle foram especialmente elogiados pela originalidade em mecânicas de gameplay e por suas dungeons bem projetadas e desafiadoras.

Oracle of Seasons, em particular, foi muito elogiado ainda por seus gráficos vibrantes, devido à mudança da paleta de cores para a mudança de tons de cor causada ​​pela alteração das estações. Como tal, é também considerado o mais graficamente impressionante dos dois títulos Oracle e um dos jogos que melhor fez uso das cores do GBC.

Já a trilha sonora teve uma recepção crítica moderada. Os críticos enfatizaram que a qualidade de algumas composições foi prejudicada pela caixa de som ruim dos portáteis, além disso, que grande parte das peças consistiam em "bipes" simplistas, embora, como também notaram, um tema foi empregado, junto de sons de efeitos sonoros tradicionais, em um puzzle dentro do jogo, e isso também foi objeto de elogios.
E você, já jogou Oracle of Seasons/Ages? Convém lembrar que o título foi relançado em 2013 para o Virtual Console do 3DS, onde ainda se encontra disponível. Compartilhe conosco suas opiniões sobre esse aniversariante da série e também se vocês acham ou não bons candidatos para um possível remake, tal como o recentemente refeito Link’s Awakening para o Switch.
Revisão: Icaro Sousa

Doutorando em Filosofia que passa seu tempo livre com piano, livros, PC e portáteis. No Twitter, também é conhecido como Vivi. Interessa-se especialmente por narrativas de ficção científica, realismo mágico e alta fantasia política, e aprecia mecânicas de puzzle, stealth, estratégia e RPG. Seu histórico de análises pode ser conferido no OpenCritic e suas reflexões sobre RPG e game design encontram-se na SUPERJUMP (textos em inglês), bem como no Podcast do Vivi e em seu canal no YouTube.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google