Análise: Bouncy Bullets (Switch) é um shooter bem bizarro com elementos interessantes

Bouncy Bullets é um shooter em primeira pessoa que não foca em combates ou na competição contra outros jogadores. O jogo é uma mistura inusitada do estilo FPS com o gênero plataforma 3D, e foca na transposição de desafios em cenários psicodélicos sob a pressão do relógio. Passe por dezenas de fases multicoloridas com obstáculos e alguns poucos ‘inimigos’ no menor tempo possível em busca da melhor classificação (3 estrelas) ou não, apenas passe de fase.

Um mundo ímpar para um jogo ímpar

Bouncy Bullets é dividido em estágios, (96 no total) sendo metade deles normais e a outra metade especiais. Cada um desses estágios é único e bizarramente construído: plataformas em forma de paralelepípedo ou cilíndricas flutuando em um oceano cor-de-rosa rodeadas por ilhas em formato de sorvete de casquinha e doughnuts, enquanto grama, flores, árvores poligonais, espinhos e raios laser decoram o topo dessas plataformas. Sim, são esses alguns dos elementos que compõem o estranho mundo de Bouncy Bullets, que conta ainda com inimigos em formato de caixas coloridas atirando em você freneticamente.

O jogo não possui uma história ou explicação para tudo aquilo, mas apresenta ao jogador o funcionamento de algumas mecânicas por meio de textos flutuantes presentes nas primeiras fases, que funcionam como um pequeno tutorial. Após isso você estará livre para morrer à vontade das maneiras mais estúpidas enquanto controla uma metralhadora flutuante e navega até o fim do estágio passando pelas mais variadas armadilhas.

Bouncy Bullets possui gráficos 3D em cel shading e modelagens poligonais bastante competentes, dando certo charme ao jogo e causando ainda mais estranheza pela discrepância entre os cenários apresentados no jogo e sua proposta em ser um shooter misturado com quebra-cabeças. O jogo ainda possui leaderboards online, sendo essa uma boa funcionalidade para os jogadores mais competitivos.

O destaque do jogo fica para a trilha sonora, que conta com músicas eletrônicas bem elaboradas que ficam na cabeça depois de ouvir algumas vezes. As batidas são animadas e de certa forma relaxam a tensão depois de morrer repetidas vezes num mesmo ponto.

Atirando balas quadradas

O jogo possui comandos muito simples: caminhe com o analógico esquerdo, atire balas amarelas com o botão L e balas roxas com o botão R, pule com o botão A e é isso. As cores dos tiros importam por conta dos inimigos e obstáculos, que são imunes a balas de cor diferente da sua própria cor. É com esse arsenal que precisamos derrotar os inimigos, nos livrar de obstáculos e chegar ao fim da fase no menor tempo possível.

Seria ótimo se tudo funcionasse bem, mas não é assim: o jogo possui problemas com sua física e controles de câmera. Frequentes são os momentos em que você precisa mudar a direção que seu personagem encara e executar um pulo para outra plataforma ao mesmo tempo, mas infelizmente o jogo não oferece tal agilidade, e você irá cair para a morte certa. Além disso, existem momentos frustrantes onde, depois de fazer uma boa sequência de movimentos e conseguir se livrar de obstáculos complicados, você simplesmente morre por não conseguir ajustar sua visão da melhor maneira e escorrega para a morte...

Como dito lá no início, cada estágio em Bouncy Bullets conta com um cronômetro no topo da tela, sendo este um desafio a mais para os jogadores que desejarem obter 3 estrelas em cada estágio ao realizar o trajeto no menor tempo possível. Pessoalmente, não senti motivação em pegar 3 estrelas em todos os estágios, pois não há muita recompensa por isso além do sentimento em completar o jogo, mas foi divertido tentar várias vezes a mesma fase e abordar o mesmo obstáculo de maneiras diferentes buscando minimizar erros e fazer no melhor tempo.

Pulando fora

Bouncy Bullets é claramente um jogo experimental que tenta proporcionar um entretenimento rápido e descompromissado. Ele diverte pela mescla estranha entre seus elementos visuais e mecânicas pertencentes a gêneros distintos, mas sofre por não ir além disso. A adição de power ups, de fases mais elaboradas ou de um modo multiplayer tornaria o jogo bem mais atraente. Vejo algum potencial aqui por conta da ambientação fantasiosa e músicas cativantes, mas apenas isto. Quem sabe um trabalho mais elaborado por parte de seus criadores não possa nos surpreender num futuro próximo?