O vazamento de informações no mundo gamer: amigo ou inimigo?

Depois de esconder muitos detalhes de Sword e Shield, a Nintendo e Game Freak veem praticamente todo o jogo vazar na internet uma semana antes do lançamento oficial. Será que isso é bom para a franquia? E para a produtora? E para o jogadores?



Com o advento da Internet banda larga, a velocidade com que as informações são disponibilizadas e compartilhadas para as pessoas é incrivelmente rápida, e o melhor: de forma prática. Tá empacado em uma parte de algum jogo e não consegue passar de jeito nenhum? Basta acessar a internet e pesquisar em fóruns ou até mesmo no YouTube. Antes, era na base da revista. Eu sou dessa época —entreguei a idade né? — e era maravilhoso. Inclusive, essa era a forma de vazamento de informações. Fotos — de baixa qualidade muitas vezes — eram tiradas e postadas na internet, que não é a que conhecemos hoje e, quando chegavam, era tudo mato.


Brincadeiras a parte, antigamente, os jogos não eram baixados, eram mídia física. Com isso, se tivesse o vazamento de algum conteúdo,  ocorria com imagens, inclusive a Coro-Coro era a fonte de várias novidades quando se tratava de Pokémon ou declarações dos produtores, transcritas nessas mesmas revistas. Recentemente, tivemos várias imagens divulgadas nas redes sociais sobre o próximo jogo da franquia Pokémon, Sword e Shield. Acompanhem agora um especial sobre os vazamentos e os prós e contras desta prática. Boa leitura a todos!

O que é o vazamento de informações?

Antes de começarmos esse especial, iremos explicar brevemente o que é um vazamento de dados. Todo vazamento tem como fonte um ato ilegal. O vazamento (ou "leak" em inglês) em si não é ilegal, porque o direito à informação é um dos pilares dos direitos fundamentais humanos. Então, tecnicamente, quem deveria cuidar para não haver vazamento é o detentor do sigilo, no caso, a Big N em conjunto com a Game Freak. Mas, a partir do momento que os cuidados não são tomados, o detentor arca com a consequência do vazamento. Como mundialmente o sigilo de fonte é um direito consagrado, quem replica o vazamento não comete crime. Entretanto, quem invadiu comete.

No mundo dos games, esse tipo de ocorrência é mais e mais frequente, gerando o famoso
hype (expectativa) nos jogadores, que inclusive é o que move o consumidor desse mercado. Especialmente, com Pokémon, não é de hoje que vemos informações e dados sendo vazados, como em 2013 com Pokémon X/Y (3DS), afinal, quem não se lembra da famosa Floette do AZ, que nunca deu as caras nos jogos? Tivemos também acesso ao Hoopa, Volcanion e Diancie antes mesmos de seus eventos serem lançados globalmente.
Diancie, Volcanion e Hoopa são velhos conhecidos dos treinadores
Mesmo que a Nintendo seja a casa do Mario, o maior encanador do mundo e o tenha à sua disposição, não é sempre que se consegue impedir um vazamento. Garantir que todas as informações confidenciais estejam bem seguras é de suma importância para o sucesso de um projeto ou de uma empresa. No caso das desenvolvedoras de jogos, o conteúdo tem que ser liberado somente para pessoas autorizadas, restringindo a quantidade para que, em um eventual vazamento, a empresa tenha como rastrear e identificar seu autor.
Não é bem assim que se arruma um vazamento...
Felizmente, a Nintendo conseguiu identificar o responsável pelo ato. A partir de uma imagem vazada, foi exibido o que parece ser o ícone de perfil do Discord, um programa conhecido pelos gamers por gerenciar chats de texto e de voz. Com isso, foi possível chegar até o canal do YouTube dessa pessoa e finalmente, do Facebook. Tudo indica que foi um revisor estrangeiro que recebeu uma cópia antecipada do jogo para poder vivenciar essa aventura antes de todo mundo.

Diferenças entre Rumores e Vazamentos

De certa forma, os rumores são fruto de um vazamento, pois notícias sobre possíveis características presentes nos jogos são anunciadas com frequência, inclusive aqui no Nintendo Blast. Contudo, este é assunto é muito delicado, pois de nada adianta publicar rumores de fontes pouco confiáveis ou sabendo que são informações falsas, publicadas apenas para gerar visualizações, os famosos “click-baits”.

No entanto, acreditar que não terão vazamentos no futuro é algo praticamente impossível. Isso porque a tecnologia de agora - e convenhamos que a do futuro será melhor ainda - permite que programas de computador ou códigos, chamados de "scripts", sejam usados para burlar a segurança de um jogo e acessar seus arquivos para expor esses dados aos jogadores.

Por mais que informações sobre um jogo tenham sido expostas antes do lançamento, isso não significa que iremos experenciar um ambiente “sem surpresas” ou novidades. Feito de forma inteligente, um “vazamento” - percebam as aspas -  pode engajar a comunidade de fãs e, a partir da reação deles, ajustar certas funcionalidades ou realizar aprimoramentos que melhoram o resultado final de um trabalho. Ainda, podemos pesar na balança e nos questionarmos sobre o que é melhor: vermos o conteúdo em imagens de baixa qualidade ou um vídeo feito pela própria produtora?


Os dois lados de um vazamento

É isso mesmo. Há sempre duas vertentes. Enquanto que o vazamento gera uma expectativa - seja ela positiva ou negativa -, tem também a questão das produtoras. A Nintendo sempre levantou a bandeira contra a pirataria e compartilhamento ilegal de sua propriedade intelectual, na tentativa de minimizar o prejuízo e melhorar a experiência do usuário final. Para nós, jogadores, é ótimo ter acesso ao conteúdo antes do lançamento: saber quais Pokémon estarão presentes, o enredo do jogo, as novas mecânicas de batalha, os lendários mascotes, qualquer detalhe que possa nos alimentar de esperanças ou, acreditem, total descaso.
Chora não Sobble...eles vão te escolher...
Imaginem o seguinte cenário: você que comprou o jogo Pokémon Sword/Shield (Switch) na pré-venda e aguarda ansiosamente o lançamento para saber qual é a forma final do seu Pokémon Inicial. Mas, dois amigos seus, que também compraram o jogo, recebem imagens no celular das formas finais dos iniciais, inclusive do seu e te mostram. Aqui podemos ter três tipos de reações: você fica extremamente frustrado, pois imaginou uma outra figura e cogita até mudar sua escolha; seu amigo que antes estava empolgado com o lançamento, e que ao ver as formas finais se desinteressou totalmente pelo jogo e por fim, seu terceiro amigo, que ficou ainda mais animado com o design dos iniciais e agora não consegue mais parar de pensar no assunto.
E o hype? Lá no alto!
Ainda, para as produtoras, não é de todo ruim o vazamento. Vejam que, com essa enxurrada de imagens e trechos do jogo, o nome da franquia esteve na mídia todo esse tempo. Diversas contas em redes sociais foram criadas, seguidas, compartilhadas, e até mesmo deletadas. Mas o nome Pokémon sempre esteve lá. Firme forte como sempre esteve.

Não que a Nintendo ou Game Freak necessitem disso, mas a atmosfera gerada sobre esse evento foi gigantesca. Não seria surpreendente lermos uma notícia sobre um aumento nas vendas dessas duas versões após os vazamentos, afinal, quem antes não havia se interessado pelo conteúdo exibido de forma oficial, agora tem um segundo argumento e ainda que seja “extra-oficial”, pode ter influenciado positivamente uma fatia de mercado que estava descrente com jogo. Há até um velho ditado que reflete essa situação e muitos de vocês já ouviram: “falem bem ou falem mal, mas falem de mim!”.
#partiugalar
E vocês, acredita que vazamentos e rumores são uma parte essencial para a indústria dos jogos e é uma tendência ou prefere voltar aos tempos em que empresas conseguiam divulgar cuidadosamente suas surpresas e com isso melhorar a experiência dos jogadores?
Revisão: Kiefer Kawakami

Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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