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Análise: Lethal League Blaze (Switch) combina luta e esporte de maneira empolgante

Rebata uma bola e tente derrotar oponentes nesse título indie repleto de partidas intensas e muita criatividade.


Uma competição perigosa em que os combatentes tentam acertar uma bola antigravidade nos oponentes foi proibida na cidade futurista de Shine City, mas as partidas continuam acontecendo de forma clandestina. Essa é a premissa de Lethal League Blaze, título cujo conceito mescla luta e algo parecido com baseball de forma muito divertida. O jogo, que tem como foco multiplayer, conquista a atenção com partidas rápidas, várias camadas de complexidade e uma atmosfera urbana envolvente. Blaze é uma continuação de Lethal League e apresenta ajustes na jogabilidade e mais conteúdo, e marca a primeira vez que a série chega a um console Nintendo.

Um esporte inusitado e frenético

Lethal League Blaze utiliza conceitos bem únicos para trazer uma experiência diferenciada. Nas partidas do jogo, que se passam em uma arena de movimentação 2D, o objetivo é lançar uma bola antigravidade no adversário — essa é a única maneira de infligir dano nos oponentes. Para isso, os personagens acertam a esfera com golpes e habilidades especiais, sendo possível alterar o ângulo do movimento. Uma aura colorida indica quem foi o último a tocar na bola.

Dois detalhes deixam os combates cada vez mais intensos. A bola rebate nas paredes das arenas fechadas, sendo assim, precisamos nos mover constantemente para não ser atingido ou para conseguir golpear a esfera. Além disso, cada acerto aumenta a velocidade da bola, tornando mais complicado acertá-la. Então, com o decorrer da partida, as coisas ficam bem frenéticas: a bola rebate loucamente pelo estágio em velocidades impressionantes, exigindo destreza e agilidade dos combatentes.


Além dos ataques básicos, Lethal League Blaze conta com outros movimentos avançados que trazem complexidade às partidas. Com um toque de botão, é possível aparar a bola e lançá-la lentamente para cima, o que permite acertá-la com maior precisão. Outra técnica importante consiste em agarrar a esfera e arremessá-la rapidamente logo em seguida — é um movimento ótimo para surpreender o oponente. Por fim, cada personagem conta com um ataque especial capaz de afetar a bola de jeitos únicos.

É fácil entender as regras de Lethal League Blaze e bastam algumas poucas partidas para conseguir dominar seus conceitos. Mesmo assim, para se dar bem, é importante entender e dominar características dos cenários e personagens, o que resulta em uma jogabilidade que combina reflexos rápidos, posicionamento e estratégia. Além disso, as técnicas avançadas e as diferentes características dos personagens adicionam camadas competitivas ao título, o que enriquece os combates.


A soma desses detalhes faz com que o jogo seja muito divertido de experimentar. Minha característica preferida no jogo é a agilidade dos confrontos: tudo fica eletrizante e intenso quando a bola alcança altas velocidades, principalmente quando acontecem viradas impressionantes num piscar de olhos.

Muitas maneiras de competir

O multiplayer é o foco de Lethal League Blaze, que oferece várias modalidades para até quatro jogadores. A principal delas é a luta simples que vence aquele que sobreviver a mais rounds. É possível alterar as regras, como desligar a barra de vida (ou seja, uma pessoa é derrotada com um único acerto), ativar itens especiais, dividir os participantes em times e mais. Particularmente acho as batalhas com quatro combatentes bagunçadas demais, recomendo os embates um contra um — o jogo fica mais técnico e estratégico nessa configuração.

Há também alguns modos que oferecem objetivos diferenciados. No "Tiro ao Alvo" o intuito é acertar a bola no alvo do oponente, sendo que a física da esfera é diferente e não rebate tanto pelas paredes. A dinâmica de jogo muda bastante, exigindo velocidade e muitos saltos precisos dos participantes. Já o "Vôlei Letal" simula o esporte de mesmo nome: um time pontua quando acerta o chão da área da equipe adversária, com a limitação de poder bater na bola somente até três vezes enquanto ela estiver na própria área. Essa reinterpretação do vôlei não me agradou, pois é difícil acertar a bola com precisão, o que resulta em muitos erros bobos — não recomendo.


Todos esses modos podem ser aproveitados no online, que funcionou bem durante meu tempo com o jogo. O funcionamento é simples e é fácil encontrar partidas ou montar uma sala, sendo possível jogar com outras pessoas no mesmo console. Infelizmente a versão de Switch não foi lançada com o modo ranqueado, o que impede limitar as partidas a um contra um e sem itens. De qualquer maneira, é uma boa opção para enfrentar jogadores habilidosos.

O foco é o multiplayer, mas Lethal League Blaze também conta com modos para um único jogador. No "História" conhecemos os exóticos personagens em uma série de partidas e cenas que exploram o campeonato clandestino. A trama não é lá grandes coisas, mas é uma opção legal para conhecer o universo do jogo — e os textos estão em português. Já o "Desafio" apresenta lutas em sequência, como em um modo arcade. Infelizmente não há opção de alterar a dificuldade desses modos, logo você provavelmente vai passar por eles uma única vez. Ao menos todas as outras modalidades podem ser aproveitadas sozinhas com a inclusão de oponentes controlados pelo computador.


Um estiloso mundo futurista

Um detalhe muito legal em Lethal League Blaze é a sua atmosfera fortemente inspirada na cultura urbana. O visual é colorido e estiloso, sendo o destaque os inúmeros personagens exóticos: Latch é um crocodilo que tem uma cauda mecânica, a garota Jet desliza rapidamente com seus patins e lembra uma grafiteira, o robô skatista Switch esbanja estilo e personalidade com seus movimentos que remetem ao hip hop, já Candyman tem um smiley gigante como cabeça e transmite sensação de loucura com seus olhos malucos.

Não é só o visual que é inspirado na arte urbana: uma trilha sonora energética e variada embala os embates. As composições passeiam pelo house, eletrônica, funk, hip pop e mais, trazendo energia ao mundo do jogo — há, inclusive, a participação de Hideki Naganuma, que trabalhou na série Jet Set Radio. Dentre as batidas, destaco “Ordinary Days V2” e “AIN'T NOTHIN' LIKE A FUNKY BEAT”.


Lethal League Blaze foi lançado originalmente para PC em 2018 e agora chegou aos consoles, incluindo o Switch. A adaptação está boa, no entanto o desempenho deixa um pouco a desejar no console da Nintendo: quando há muitos elementos na tela, a ação fica menos fluída e a taxa de quadros cai, principalmente em alguns estágios mais elaborados. Além disso, no modo portátil, a clareza visual se compromete um pouco, pois alguns elementos, como a bola, ficam um pouco difíceis de ver na tela do console. Mesmo não apresentando a mesma fluidez das outras versões, o título é perfeitamente jogável no console da Nintendo.

Um multiplayer criativo e viciante

Partidas ágeis e muito estilo fazem com que Lethal League Blaze seja muito divertido. É empolgante participar de confrontos que ficam cada vez mais frenéticos conforme rebatemos uma bola — ângulos imprevisíveis e muita velocidade criam situações intensas e reviravoltas impressionantes. Outro destaque são suas mecânicas: as regras básicas são fáceis de entender, contudo há várias técnicas avançadas que trazem profundidade aos embates. Uma atmosfera estilosa com visual e música inspirados na cultura urbana tornam a experiência ainda mais interessante. No fim, Lethal League Blaze é mais um daqueles jogos para chamar os amigos e aproveitar por horas.

Prós

  • Divertido sistema que combina esporte e luta;
  • Muitas técnicas interessantes tanto para jogadores casuais como dedicados;
  • Boa variedade de modos com foco no multiplayer;
  • Excelente ambientação urbana com visual vibrante e música de variados estilos.

Contras

  • Ausência de opções de dificuldade nos modos para um único jogador;
  • Modo Vôlei Letal é desinteressante e cansa muito rápido;
  • Desempenho inconsistente em alguns estágios.
Lethal League Blaze — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Team Reptile

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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