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Análise: Gurgamoth (Switch) é intenso e divertido, mas muito raso

Com uma proposta interessante, esse party game te permite sacrificar os seus amigos.


Alguns diriam que Switch e party games são uma combinação tão boa quanto feijão com arroz, mas isso não quer dizer que qualquer jogo desse gênero seja uma obra prima no híbrido da Nintendo. Muitas pessoas que têm o console frequentemente recebem amigos e familiares para jogatinas e, se elas forem intensas e competitivas, Gurgamoth pode render algumas ótimas partidas… porém, não espere muito mais do que isso.

Beep beep

Se você já foi a um parque temático que tinha carrinho de bate-bate / de choque, imediatamente entenderá a premissa do jogo. Ou, melhor ainda: imagine Super Smash Bros. só que, ao invés de jogar o inimigo para fora do mapa, ele deve cair em armadilhas para morrer.

Em curtos rounds, você e até 3 outros amigos se enfrentarão em níveis com diferentes armadilhas e, para concretizar isso, bastam três ações: ataque, dash e stun. Isso não significa que o jogo não tenha profundidade, visto que Rocket League, por exemplo, também tem poucos comandos e é extremamente complexo. Nas primeiras partidas tudo será, provavelmente, totalmente caótico e sem estratégia: lá pela vigésima, será igualmente caótico, mas com um pouquinho de estratégia.

Os níveis são suficientemente diversos e distintos entre si, o que é um dos principais pilares do jogo. Corroborando com isso, o estilo visual cartunesco e vibrante lembra Castle Crashers, assim como o design dos personagens. Aliás, a temática gira ao redor de Gurgamoth, uma divindade meio lovecraftiana que exige sacrifícios (no caso, os seus adversários).

No entanto, além das armadilhas, ocasionalmente surgem power ups que podem afetar um jogador, que ganha um escudo, por exemplo, ou todos, como é o caso frequente de slow down no tempo. Esse último pode ser muito interessante, pois dá muito tempo para planejar e mirar os ataques e, na minha experiência, sempre foi decisivo no vencedor daquele round.

Sabendo que o aproveitamento depende inteiramente das pessoas que estão jogando com você, a adição de um “modo café com leite” ajuda um pouco os jogadores menos experientes. A ideia é que há um limite de três ações, que se recarregam ao longo do tempo, porém, caso um jogador esteja vencendo demais, esse limite será diminuído para dois. Isso pode ser desativado, é claro, mas a ideia em si é genial pois dá uma segurada no spam de golpes aleatórios.

Nesse sentido, a versão para o Switch é melhor que a para PC, lançada em 2016, que não inclui a opção de jogar contra bots, que ajudam a preencher os slots caso eles não sejam lotados por quatro pessoas. Obviamente, um jogo desses realmente não deve ser jogado sozinho, mas os bots são benéficos principalmente porque, mesmo contra um amigo, o 1 v 1 acaba sendo muito menos divertido.

Péssimos desvios

Infelizmente já se esgotaram os elementos positivos de Gurgamoth. A falta de suporte a jogatinas online é uma grande falha, mesmo que haja a preferência local. Oras, estamos em 2019 e isso é um port de um jogo de 2016! Junto a isso, um déficit de game design fez com que o jogo desperdiçasse ainda mais do seu potencial, pois poderiam ter ranqueamentos, diferentes modos online, mais modificadores, níveis, itens, etc.

Não tive problemas com a performance em si, mas alguns delays desnecessários contrastaram negativamente com a proposta frenética do gameplay. Por exemplo, entre as pontuações dentro de um único mapa, levam alguns segundos para que todo mundo reviva e as armadilhas do mapa reiniciem. O pior é na seleção do próximo mapa: Gurgamoth deveria ter feito algo parecido como o modo normal de Duck Game, em que mapas aleatórios são selecionados logo em seguida, e o campeão seria aquele que conseguiu mais vitórias em 5, 10 mapas.

Como em muitos party games, Gurgamoth é totalmente centrado (e limitado) pela gimmick do seu gameplay e, com isso, surgem defeitos mecânicos como as lutas 1 v 1. Mesmo assim, caso ele esteja em uma promoção bacana e você frequentemente receba amigos competitivos para jogar no Switch, Gurgamoth pode render algumas partidas divertidas.

Prós:

  • Mecânicas fáceis e acessíveis;
  • Estilo visual cômico e que contrasta bem com a temática;
  • Jogabilidade intensa e competitiva.

Contras:

  • Ausência de suporte a partidas online;
  • Ritmo do jogo é prejudicado pela seleção de fases;
  • Em geral, baixa quantidade de conteúdo oferecido.
Gurgamoth (Switch/PC) — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela The Quantum Astrophysicists Guild

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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