20 anos do Game Boy Advance

Celebrando a história de sucesso do último dos Game Boy.


Cada geração possui suas referências. Se o assunto for programas infantis, por exemplo, algumas pessoas podem se lembrar de Vila Sésamo, outras se recordam da Xuxa, tem gente que pensa em TV Globinho e a geração atual tem youtuber e desenhos a hora que desejar.


Em se tratando de diversão eletrônica, o nome Game Boy foi sinônimo de console portátil por praticamente duas décadas. Nesse período, a Nintendo trabalhou com três gerações: o Game Boy original, de 1989, o Game Boy Color, de 1998, e o Game Boy Advance, de 2001. A cada lançamento, a Big N aperfeiçoou alguns aspectos da jogatina, se consolidando como líder nesse segmento do mercado numa época em que os celulares tinham como opção o jogo da cobrinha.

Hoje é dia de celebrar o GBA, que está completando 20 anos de seu lançamento. Hora de revisitar sua história, suas qualidades, acessórios, jogos, enfim, tudo para compreender a importância desse console, que representou um belo encerramento daquele modelo de portátil, antes da Nintendo mudar tudo com o DS. Vamos lá?

Começando com um naufrágio

Como a Nintendo já afirmou em diversas entrevistas, os estudos para o desenvolvimento de um novo console se iniciam bem antes de seu lançamento de fato. Portanto, embora tenha sido lançado em 2001, a origem do GBA data de anos antes de sua chegada ao mercado.

Informações sobre um suposto sucessor do Game Boy começaram a aparecer na imprensa especializada por volta de 1995, com o nome "Project Atlantis". Seria uma referência às Olimpíadas de Atlanta, ocorrida em 1996, e que seria a data planejada para o lançamento do novo console portátil. Rumores da época apontavam para um aparelho poderoso, que contaria com processador 32-bits e especificações similares às que encontraríamos no Game Boy Advance real.

O projeto, contudo, sofreu uma série de atrasos e os protótipos não teriam conseguido aliar desempenho satisfatório com baixo consumo de energia, um dos pilares do sucesso do Game Boy original. No fim das contas, o projeto Atlantis atrasou o planejamento da Nintendo, fazendo o Game Boy Advance ser lançado 12 anos depois do modelo original 8-bits.

A mudança na aparência

Os engenheiros da Nintendo tinham dúvidas se manteriam o design vertical do Game Boy e Game Boy Color, ou partiriam para outra solução. Uma das opções descartadas, por exemplo, foi a de adotar um corpo com "flip", ou seja, com tampa dobrável, que mais tarde foi utilizado no GBA SP.

O desenho final do Game Boy Advance acabou saindo das mãos do designer francês Gwenael Nicolas, dono do estúdio Curiosity, sediado em Tóquio. Isso representou uma grande mudança, pois todos os consoles da Nintendo até então haviam sido desenhados internamente.

O estúdio externo procurou se afastar do Game Boy original, desenhado por Gumpei Yokoi, e adotou um visual mais horizontal, permitindo uma tela menos quadrada e mais widescreen. O desenho de Nicolas se mostrou excelente, com ótima ergonomia e um posicionamento ideal dos botões.

Poder e retrocompatibilidade

Do ponto de vista técnico, o GBA representou um grande avanço em consoles portáteis, sendo um aparelho capaz de rodar jogos com qualidade comparável, ou mesmo superior, ao Super Nintendo. Seu hardware possuía suporte para operações simples em 32 bits, utilizando sprites 2D para objetos e gráficos pseudo-3D para a arquitetura, o que deixava os jogos com uma boa taxa de quadros por segundo e com uma bela exibição em sua tela LCD.

Ao mesmo tempo, houve uma preocupação em garantir uma total retrocompatibilidade com os jogos do Game Boy e Game Boy Color. Ryuji Umezu, hardware designer da Nintendo, disse em uma entrevista que testou todos os jogos para garantir que funcionariam. Mas não foi fácil implementar essa funcionalidade: os engenheiros não conseguiram desenvolver um código para isso. Então, criaram um sistema que funcionava através de um interruptor físico na entrada de cartucho, que detectava se um jogo era do GBA ou GB/GBC.

Acessórios

Como é comum na indústria, diversos acessórios foram lançados para GBA, seja de caráter oficial ou não. Aqui destacamos dois.

O cable link utilizava a porta serial do GBA para conectá-lo a outros três consoles. Isso permitia a transferência 256 KB de dados e possibilitava uma jogatina multiplayer, em que vários GBAs podiam jogar com apenas um cartucho.

A Nintendo também introduziu a conectividade entre o portátil e seu console de mesa da época através do GameCube-GBA cable. Ele poderia destravar funções, como trocar dados e pontuações máximas entre os aparelhos, desbloquear novos níveis de jogo e segredos, além de funcionar como uma segunda tela. Este acessório não foi muito popular, e foram poucos os jogos que o utilizaram.

Desempenho e versões

Lançado em 21 de março no Japão e em 11 de junho nas Américas, o GBA foi o console com as vendas mais rápidas da história até aquele momento. Relembre um dos comerciais da época, exaltando a presença dos títulos third party no portátil:

Em 2003, a Nintendo introduziu a primeira revisão de modelo com o Game Boy Advance SP, que contava com uma luz interna frontal além da já citada frente dobrável. Em 2005, foi a vez do GB Micro chegar ao mercado, oferecendo ao jogador a opção de escolher entre diversas frentes coloridas para permitir a customização, uma funcionalidade fortemente usada no marketing do produto. Ao contrário dos modelos anteriores, ele não possuía retrocompatibilidade com os jogos de Game Boy e Game Boy Color.

Em seus quase oito anos no mercado, as três versões de Game Boy Advance totalizaram 81,5 milhões de unidades vendidas no mundo inteiro. Isso o posiciona como o quarto mais bem-sucedido aparelho da Nintendo e o nono lugar na lista dos 10 consoles mais vendidos da história, pelo menos até ser ultrapassado pelo Switch.

Jogos

Game Boy Advance se tornou um dos últimos aparelhos modernos a oferecer suporte a sprites, provando que a tecnologia poderia evoluir juntamente com o 3D dos consoles atuais. O GBA também se tornou popular entre as pessoas que gostavam de jogos clássicos, devido a suas constantes conversões de clássicos das eras de 8 e 16 bits.

Com essa combinação, o aparelho recebeu uma grande variedade de títulos, de Super Mario World a Tony Hawk's Pro Skater 2, de Mother 3 a GTA. Foi com ele que algumas franquias começaram, como Mario & Luigi: Superstar Saga e Mario vs Donkey Kong. Foi aqui também que Pokémon começou a revisitar seus jogos, com Fire Red/Leaf Green.

A seguir, a lista dos dez games mais vendidos do console:
  1. Pokémon Ruby/Sapphire – 13 milhões
  2. Pokémon Fire Red/Leaf Green – 11,82 milhões
  3. Pokémon Emerald – 6,32 milhões
  4. Super Mario World: Super Mario Advance – 4,179 milhões
  5. Super Mario Advance – 3,939 milhões
  6. Mario Kart: Super Circuit – 3,768 milhões
  7. Super Mario Advance 4: Super Mario Bros 3 – 3,698 milhões
  8. Namco Museum – 2,96 milhões
  9. Pokémon Mystery Dungeon: Blue Rescue Team/Red Rescue Team – 2,2 milhões
  10. Yoshi Island: Super Mario Advance 3 – 2,196 milhões

O fim de uma era

Ao final de 2004, a Nintendo reformulou o conceito de diversão portátil com o lançamento do DS. O nome Game Boy estava, assim, sendo aposentado. E o desempenho excelente do GBA contribuiu para uma passagem de geração tranquila para o novo aparelho, que atingiu números ainda maiores. Mas essa é uma outra história.

E você, teve um Game Boy Advance? Como foi sua experiência com o console? Ainda joga algo de sua biblioteca, ou não vê a hora dela ser adicionada ao Nintendo Switch Online? Compartilhe com a gente nos comentários.

Revisão: Diogo Mendes

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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