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Análise: 140 (Switch) — Um exercício de habilidade, ritmo e concentração

Cores intensas, música e risco eminente. Se essas coisas chamam sua atenção, esse jogo pode ser para você.


Jeppe Carlsen lançou 140 em 2013, inicialmente apenas para PC, criando uma experiência única que mistura ritmo e a sensação de perigo dos melhores shooters. Muito próximo da lógica de jogos de ritmo lançados aos montes para plataforma mobile desde então, 140 funciona muito bem nos consoles, e sua chegada ao Switch é motivo de celebração para os fãs do gênero.

Escute com atenção

É uma obviedade dizer que em um jogo moldado pelo ritmo da música, é preciso ouvir com atenção os sons presentes. Ainda assim, é preciso insistir neste fato por dois motivos: 1) entendendo a música e a divisão rítmica presente nos diversos estágios você irá desvendar muitos dos puzzles presentes; e 2) a música é muito boa, independentemente de você apreciar o gênero eletrônico ou não, ao ponto de te impulsionar na vontade de continuar jogando.

140 é extremamente simples. Não existe seleção de opções, menu de pause ou algo parecido. O mais próximo dessas coisas que encontramos no jogo é um hub inicial que funciona como seletor de fases, ao mesmo tempo em que ensina a mecânica básica do game: coletar uma bola e levá-la até um semicírculo presente no estágio.



Os controles são intuitivos e a curva de aprendizado bem tranquila. Em 140 nos movimentamos com o analógico ou D-Pad e utilizamos um botão para pular, desviando assim de determinados obstáculos ou evitando quedas indesejáveis. E só. Não existe história, narrativa ou motivação além de concluir a tarefa imposta: chegar ao final da fase. E esse minimalismo é parte do encanto do título, sendo a outra parte dividida entre o level design brilhante e a dificuldade crescente, capaz de mexer até mesmo com o jogador mais tranquilo e sereno.

Movimentos precisos

Jogos de ritmo geralmente exigem movimentos precisos em um tempo específico, e 140 não foge à regra. Apesar do game ser bem amigável em alguns aspectos, com muitos checkpoints e tolerando pequenos erros com estruturas de auxílio que não obrigam o jogador a perder todo o percurso realizado, o desafio está sempre presente, e segue em desenvolvimento constante nos primeiros quatro estágios.

Importante dizer que cada estágio possui uma seção final, parecida com um chefe. E elas são brilhantes, cada uma realmente única (com um esquema de puzzle que precisa ser descoberto enquanto se joga) e realmente dificílimas. Ao final dessas quatro fases, mais quatro são liberadas, mas essas são, na verdade, as mesmas já jogadas anteriormente, agora espelhadas e sem checkpoints. Ou seja, um desafio ainda maior para quem achava que tinha dominado tudo o que o game possui e queria ainda mais.


Desafio estimulante

Existem jogos que tentam conquistar o jogador com a ideia de um desafio frenético e praticamente impossível. Não é o caso de 140. O desenvolvedor delimitou bem a proposta para torná-lo uma experiência estimulante, mas que não é frustrante. Sempre que você perde, você aprende algo sobre o esquema do level design, sobre a marcação do ritmo e o entendimento dos movimentos que deve fazer. A dificuldade continuará existindo, mas o mistério do funcionamento do estágio é desvendado enquanto jogamos, tornando cada partida realmente agradável. O único problema real aqui é o tamanho diminuto do título. Mas até isso pode ser interessante, já que o game não deixa nenhum gosto amargo pelo caminho, só a vontade de jogar mais.

Prós

  • Desafio crescente;
  • Puzzles e level design primorosos;
  • Música impecável no contexto da proposta.

Contras

  • Jogo muito curto;
  • Variação rápida de cores pode causar tontura.
140 — Switch — Nota: 9.0
Análise produzida com cópia digital cedida pela Carlsen Games

Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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