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Análise: A Little Lily Princess (Switch) capta o tom e a emoção perfeitamente

Acompanhe a vida de uma garota sozinha em um país estrangeiro enquanto se surpreende com a história e o poder das relações entre pessoas.

Ao crescer, todos nós temos nossas histórias favoritas. Contos que nos enchem de alegria e deixam nossa imaginação correr solta. Para muitos, os contos de fadas preenchem esse espaço até os dias de hoje. Desenvolvido pela Hanako Games e Hanibira, e publicado pela Ratalaika Games, A Little Lily Princess é um romance visual que segue a estrutura “Yuri”, ou seja, relações afetivas entre personagens femininas.

Mas não pense que esse tipo de relação é somente sexual: a conexão espiritual e emocional entre as personagens é muito mais presente. O game concentra a narrativa da história original e adiciona uma reviravolta na formação de vínculos com os outros personagens principais. Sabe aquela máxima “Nunca julgue um livro por sua capa?”. Não poderia haver frase melhor para definir essa obra. Boa leitura!

Afinal, o que é A Little Lily Princess?

Os fãs do gênero Visual Novel buscam mais e mais conteúdo no jogo, que seja bem escrito e tenha uma aparência fantástica. Felizmente, A Little Lily Princess tem isso em abundância! O que é fantástico em relação ao game são as escolhas semanais as quais permitem que você influencie o relacionamento com as outras garotas.

Ao contrário dos romances visuais tradicionais, em que você altera o fluxo da trama através de bifurcações nos diálogos, aqui temos um calendário de atividades semanais que constroem ou interrompem amizades. Esta foi uma reviravolta interessante em uma mecânica muito inovadora e que incrementa o fator replay.

Como falamos no começo, a trama se desenrola no estilo Yuri, logo, teremos uma história sobre garotas que será decadente e quase inapropriada para o público mais jovem. Já posso te adiantar que não: os laços formados são sutis e não apontam - em nenhum momento - a sexualização. Essa abordagem adotada pelos desenvolvedores contribuiu para o bom andamento do jogo. O ritmo da história flui bem e não se prolonga em nenhum ponto baixo por muito tempo. Dividido em dois atos, você verá os pontos altos e baixos da vida da protagonista.

Confesso que, mesmo tendo domínio da língua inglesa, temos aqui mais norma culta do que coloquial, ou seja, algumas palavras são estranhas e que ao buscar o significado, remetem a itens que conhecemos mas escritos de outra forma. Por conta disso, a leitura para pessoas que ainda não possuem familiaridade com um idioma estrangeiro pode ser um impeditivo. Talvez, uma adaptação para o português brasileiro traria um maior público para o game.

Emoções à flor da pele

A história é um conto de riquezas para trapos, de luxo à servidão e perdendo tudo o que você ama. A protagonista, Sara Crewe, é enviada para o internato de Miss Minchin. Seu pai é um rico capitão do exército, que possui sua base de operações na Índia. O clima não é adequado para crianças, por isso ela é enviada para a Inglaterra. Lá, recebe tratamento preferencial por causa de sua origem e as outras meninas a ressentem por isso. A ambientação do jogo é magnífica, pois remete ao passado, tema perfeito para essa história.

 
Miss Minchin é informada da morte do Capitão Crewe e da perda de sua riqueza. Sem poder ou dinheiro algum para protegê-la, Sara é forçada à servidão para pagar as contas pendentes de sua estadia no internato. Um amigo da família encontra Sara depois de anos de busca e lhe dá um novo lar e parte da riqueza de seu pai. É um final feliz que te “ataca” no fundo do coração e faz você se sentir confortado por dentro. Chorar nessa parte é mais comum do que você imagina.

Memórias do passado

Se você já jogou novelas visuais, está ciente de que é uma experiência bem relaxante. A função de pular permite que você percorra o texto rapidamente e há também uma opção de velocidade que permite ajustar o ritmo ao seu padrão de leitura. O controlador raramente é usado, permitindo apreciar o magnífico enredo que se desenrola com o passar das semanas do jogo.

O fator RNG e as seis finais aumentam muito o fator replay. Cada interação é genuinamente interessante, então o desejo de ver cada final pode fazer com que você jogue mais três ou quatro vezes. É uma leitura relativamente curta, cerca de quatro horas, então a conclusão levará cerca de dez a quinze minutos, caso pule todo o texto que já viu, como na maioria dos jogos do gênero.

Desabroche

A Little Lily Princess capta na medida certa uma boa história, trilha sonora e gráficos sem ir pelo caminho impróprio. Se você adora romances visuais, vai adorar este jogo. O sistema de calendário semanal adiciona o fator personalização e replay, embora o RNG possa nos deixar na mão algumas vezes. Com certeza, uma excelente experiência para quem está começando no gênero. Experimente os altos e baixos da vida e estabeleça laços fortes com novos amigos. É um conto maravilhoso e que vai tocar seu coração.

Prós

  • Arte incrível;
  • Trilha sonora leve e cativante;
  • História envolvente;
  • Múltiplos finais incentiva o replay;
  • Personagens com características marcantes.

Contras

  • RNG pode frustrar;
  • Linguagem culta pode dificultar o entendimento;
  • Não localização para o português brasileiro.

A Little Lily Princess — PC/XBOX/PS/Switch — Nota 9.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games


Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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