Blast from the Past

Donald Duck - Goin' Quackers (GBC): um platformer muito bonito e desafiante

Atravessar fases complexas e cheias de armadilhas é o único meio para resgatar Daisy, a amada de nosso amigo Pato Donald, neste belo e competente clássico do Game Boy Color.


Donald Duck – Goin’ Quackers é um jogo de plataforma muito simpático estrelado pelo Pato Donald, desenvolvido pela extinta Disney Interactive e publicado pela Ubisoft, sendo lançado em 2000 para Game Boy Color e várias outras plataformas. Nele, precisamos atravessar vários estágios, superando muitas armadilhas e inimigos para resgatar Daisy, a namorada de nosso amigo penoso, que fora sequestrada por Merlock.


Era bastante comum naquela época que jogos de videogame recebessem várias versões para os consoles e portáteis do momento, mas diferentemente de como acontece hoje em dia, os jogos eram, na maioria das vezes, desenvolvidos por diferentes estúdios e equipes, o que resultava em produtos finais que tinham apenas o nome em comum.

Sendo a versão de Game Boy Color uma das mais diferentes e a única que tive a oportunidade de jogar na infância, vamos aqui relembrar esta versão de Donald Duck – Goin’ Quackers, que conta mais uma aventura do pato mais gente fina e resmungão de todos por diferentes mundos e se tornou um charmoso clássico do GBC.

Clichês que todos amamos

A introdução do jogo nos apresenta as motivações de Donald para estar viajando por diferentes locações e enfrentando tantos perigos: ele precisa resgatar sua namorada, a repórter Daisy, que foi sequestrada pelo vilão, o mago malvadão Merlock. Para tanto, Donald pede a ajuda de seu amigo Gyro Gearloose (O Professor Pardal), que trabalhava em sua nova invenção – um teleportador – quando também foi atacado e teve suas anotações e projetos roubados. Gyro garante a Donald que consegue mandá-lo diretamente à sua amada para resgatá-la mesmo sem ter finalizado sua invenção, mas é claro que tudo dá errado e Donald começa a viajar por vários lugares onde precisa coletar as anotações de Gyro e melhorar a máquina que o ajudará a cumprir sua missão.

A história do jogo definitivamente não é seu grande destaque, mas é uma premissa bastante simples e se encaixa bem com a proposta do jogo e seu público-alvo. Temos aqui personagens clássicos envoltos numa trama também clássica e divertida, sem a necessidade de grandes complicações para funcionar. Os clichês do enredo são apagados pela bela apresentação e grande carga de diversão e desafios que Donald Duck – Goin’ Quackers oferece.

Um platformer convencional com uma pitada extra de desafio

Em Donald Duck – Goin’ Quackers, usamos comandos simples para superar muitos obstáculos e inimigos espalhados pelos cenários. Porém, mesmo com mecânicas consagradas implementadas neste título (pular sobre inimigos, atravessar abismos espinhosos, escalar sequências de plataformas flutuantes), o jogo possui uma dificuldade ‘acima da média’, fazendo com o jogador sinta que as fases são bem maiores do que realmente são. Esse foi um dos motivos que nunca me deixaram finalizar o jogo. O outro era ter que recomeçar a aventura frequentemente, já que vivia perdendo os passwords que havia anotado... Lá se ia todo meu progresso e paciência...
Saudades desse sistema de senhas para registrar seu progresso?

As fases não são lineares, como era de se esperar de um jogo desse estilo e direcionado ao público infantil: elas são labirínticas, cheias de múltiplas camadas e com várias entradas e saídas, com a possibilidade de se chegar a um mesmo ponto de formas diferentes. Além disso, existem vários coletáveis espalhados pelos cenários, e pegar todos é certamente um grande desafio, mesmo que isso não lhe traga recompensa alguma no final.
O primeiro 'Chefe' do jogo

Além de poder executar um pulo duplo para atingir lugares mais altos, Donald não possui habilidades especiais: há apenas um powerup que o deixa imune por alguns segundos e permite destruir paredes e portas para acessar áreas secretas. Ser atingido por um inimigo deixa Donald em um estado de raiva, do qual ele só se recupera ao pegar uma esfera azul brilhante, localizada em alguma parte de difícil acesso.

A exploração dessas fases complicadas é praticamente livre, já que o jogador tem a liberdade de poder seguir em várias direções, sem a preocupação com o tempo. Não existem objetivos do tipo ‘fazer a melhor marca de tempo’, ‘atingir tal pontuação’ ou ‘coletar todos os itens’. É preciso apenas concluir o estágio.

Um belo jogo que ficou marcado

Donald Duck - Goin’ Quackers, como mencionei acima, foi um dos mais belos jogos que tive a oportunidade de experimentar no GBC. Os mundos do jogo foram muito bem construídos, com áreas grandes e complexas, cada uma com uma temática diferente e elementos visuais atraentes. Os cenários possuem elementos de fundo, sombreamento e cores vibrantes, com uma boa riqueza de detalhes. A animação dos personagens era muito boa também, como quando Donald tomava dano e começava a pular de raiva, ficando com a cara fechada até que se recuperasse.

A trilha sonora do jogo também era bem produzida, com músicas chip-tune animadas que se encaixavam bem com a temáticas dos ambientes. Quando ouvi novamente a música do primeiro mundo, descobri que ela sempre esteve guardada na memória e no coração assim que comecei a cantarolar, após alguns segundos de volta ao jogo.

Um aspecto que pode ser considerado um problema em Donald Duck – Goin’ Quackers é sua duração: a versão de Game Boy Color tem em apenas 4 mundos com 4 estágios cada e uma fase final especial. Nunca cheguei a terminar o jogo na infância porque o considerava muito difícil, exigindo um nível de habilidade que eu definitivamente não possuía na época (não sei se o possuo hoje também). Por esse motivo eu o joguei bastante até um dia receber uma proposta de troca de um amigo que me ofereceu Donkey Kong Country. Como dizer não, não é mesmo?

Mesmo tendo me desfeito do cartuchinho transparente, Donald Duck – Goin’ Quackers deixou sua marca na minha infância por ter sido um dos primeiros jogos que joguei no meu primeiro videogame. Ele, Pokémon Red e Super Mario Land certamente me proporcionaram horas e mais horas de muita diversão ao me apresentarem o maravilhoso mundo dos jogos eletrônicos e sua capacidade ímpar de imersão. Fica aí a dica para quem gosta de jogos retrô de qualidade e está a fim de se desafiar ou apenas relembrar esse clássico.

Revisão: Davi Sousa

Estudante de Letras, apaixonado por vídeo-games e música. Gosta de conversar sobre hobbies em comum, receber dicas e recomendações e de capturar monstrinhos de bolso enquanto explora Hyrule.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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