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Análise: Daggerhood (Switch) é um jogo de plataforma feito do jeito certo

Aqui você pula, pula, joga a adaga, teleporta para a adaga, pula de novo, pula na parede e, muitas vezes, morre e repete tudo de novo.



Talvez seja a nostalgia dos tempos do Game Boy falando, no entanto, hoje em dia, uma das melhores experiências que o Switch me proporciona é a de jogar bons games de plataforma/ aventura (incluindo metroidvanias) em modo portátil. Jogos que, através de mecânicas ou estilos visuais típicos da época de ouro do gênero, me remetem diretamente às minhas várias horas dedicadas à clássicos como Wario Land, Kirby's Dream Land ou até Mario Land (sim, o sufixo "Land" era moda na época). No momento, o híbrido da Nintendo parece ser a casa perfeita para uma enxurrada de títulos indie que seguem essa linha — o que é uma ótima notícia —, só que poucos jogos realmente se destacam em meio à tantas opções. Eis que surge Daggerhood: um indie simples, mas que diverte, inova, cumpre o que promete e também não cobra muito por isso.

Uma centena de estágios até a liberdade

Vincent S. Daggerhood é um lendário ladrão, conhecido pela sua maestria incomparável em relação à arte do furto. Não existia nada que ele não pudesse roubar e nenhum baú de tesouro que ele não conseguisse conquistar para si. Eventualmente, após incansáveis tentativas, o gatuno enfim foi capturado pela guarda real, sendo condenado a passar o resto dos seus dias vagando pelas longas e assustadoras cavernas perdidas do reino. Para a mente criativa de Vincent, entretanto, isso representa só o começo. Munido de sua adaga mágica que permite que ele se teleporte para a direção na qual a arma for lançada, o ladrão vislumbrou a oportunidade perfeita de não só escapar, mas ainda roubar todo o ouro pertencente ao rei.

Isso é praticamente toda a história que Daggerhood oferece e, nesse caso, sinceramente, é tudo que você precisa. A progressão do jogo ocorre através de fases tão curtas quanto intensas, em um estilo meio puzzle/jogo de celular. Como em muitos títulos mobile, três estrelas podem ser adquiridas em cada estágio, dependendo da sua velocidade, que funcionam como um ranking de performance. No entanto, concluir a fase rapidamente muitas vezes não é o ideal, porque, além das estrelas, os estágios contam com 5 tesouros para serem coletados e uma fada especial que some após determinado tempo — que representa o desafio mais interessante de todo o jogo: conseguir pegar essas malditas fadas.

Para os interessados nesse aspecto, ou para os que simplesmente querem "platinar" tudo o que jogam, assegurar a rota mais rápida e que leva você até a fada com a menor quantidade de movimentos possível se transforma na prioridade inicial de cada fase. Depois disso, o negócio é coletar os 5 tesouros e chegar até a porta final sem morrer. Pois é, como todo bom jogo de plataforma old school, em Daggerhood você morre após um simples hit, recomeçando a fase quase que imediatamente após a morte — e prepare-se para muitas mortes. Alguns estágios são mais fáceis de "entender" desde o começo, só que outros podem pedir inúmeras tentativas antes de você conseguir chegar até a porta final. São 20 pequenos estágios por mundo e cinco mundos no total, totalizando 100 desafios a serem conquistados: um verdadeiro teste de skill e, principalmente, paciência. Perfeito para quem gosta de jogos como Megaman, em que você precisa decorar cada pulo, ataque e pedacinho do estágio para seguir em frente.




A dificuldade, naturalmente, aumenta conforme o progresso, mas não se engane, pois o jogo é bem complicado desde a fase 1-1. Como "ferramentas" à sua disposição, estão o pulo duplo, o walljump (pulo contínuo nas paredes) e, claro, a adaga que teleporta o usuário. Parece pouco, mas Daggerhood realiza muito em termos de mecânica, algo que parece faltar em vários indies mais recentes. O jogo é sólido. O peso de cada pulo é adequado, cada "quicada" na parede faz sentido e o artifício do teletransporte da adaga é criativo e simplesmente funciona.

Novas mecânicas são apresentadas ao longo dos mundos, assim como perigos/inimigos inéditos, o que renova constantemente a experiência geral de jogo. Cada estágio apresenta um novo desafio da sua própria forma, e é bastante divertido tentar "resolver o quebra-cabeça" específico de cada fase, embora talvez seja frustrante para quem espera um jogo leve e tranquilo de se progredir: afinal, Daggerhood é desafiador à todo instante. Focado nesses puzzles mecânicos antes de mais nada, o jogo talvez não ofereça tanto conteúdo, a trilha sonora pode ser um pouco repetitiva e a fórmula pode sim cansar o jogador, entretanto, seus adoráveis gráficos retrô, unidos à sutileza e à finesse dos seus controles nunca deixam a desejar — principalmente durante rápidas sessões com o Switch em modo portátil.


Prós

  • Divertido e desafiador; 
  • Mecânicas de primeira;
  • Perfeito para o modo portátil.

Contras

  • Trilha sonora fica repetitiva;
  • A dificuldade pode se tornar frustrante;
  • Pouco conteúdo além do prometido.
Daggerhood - Switch/PC/PS4/XBO - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vinícius Fernandes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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