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Análise: Final Fantasy VIII (Switch) comemora seus 20 anos de cara nova

Final Fantasy VIII chega ao Switch com várias melhorias, garantindo a diversão tanto de veteranos como de novos entrantes nessa já consagrada aventura.


Originalmente lançado em 1999, Final Fantasy VIII foi um dos mais controversos jogos da franquia. Trazendo várias peculiaridades e inovações aos seus sistemas de jogo, esse foi um grande divisor para os fãs, sendo amado por muitos e odiado por alguns. Agora, vinte anos depois do lançamento original, a Square Enix comemora com um belíssimo remaster.


Para quem não conhece o jogo, ou não se lembra dos detalhes (afinal já fazem duas décadas), Final Fantasy VIII traz uma temática mais futurista, seguindo mais a linha de seu antecessor. A história segue Squall, um jovem SeeD, que é basicamente um mercenário qualificado, acompanhando seu dia a dia de treinamento na academia e eventualmente saindo em variadas missões para várias outras localidades. A ambientação é bem atmosférica, e faz com que mesmo os momentos entre uma grande missão e outra sejam interessantes.

Complexidade na medida certa

Final Fantasy VIII conta com uma grande profundidade em relação às suas mecânicas, que possuem algumas particularidades que fogem do convencional no gênero. Felizmente, o jogo faz um ótimo trabalho em explicar tudo isso, mesmo que caiba ao jogador fazer experimentos com os membros de sua equipe para entender o peso de cada mecânica.

Um exemplo dessas peculiaridades é o sistema de magias. Aqui, as magias não são aprendidas por determinado personagem, e sim colhidas de um inimigo em combate por qualquer um que tenha a ação Draw equipada. Elas são magias de uso único que se acumulam em quantidade no inventário, e podem ser usadas também por qualquer um, meramente gastando uma unidade da magia como se fosse um item comum.



Isso está diretamente ligado à grande sacada do jogo: o sistema de Guardian Forces, constantemente abreviado no jogo como GFs. Esses são poderosos espíritos que se aliam a algum personagem da equipe e podem ser invocados por ele durante as batalhas, levando mais tempo que uma ação normal, mas ativando um ataque elemental com animações completamente escandalosas, no melhor sentido possível.

Porém, o real peso dos GFs está em habilidades conhecidas como Junction. Suponhamos que determinado Guardian Force tenha a possibilidade de realizar uma junção com o status de força. Isso significa que o personagem pode equipar uma de suas magias naquele status, reforçando-o. Quanto mais magias daquele tipo o jogador tiver estocado, maior o aumento no status, e diferentes tipos de magia casam melhor com diferentes atributos. O jogo ensina tudo a respeito disso, mas não explicita que esse é um uso muito melhor para as magias do que usá-las da forma convencional.

Temos que pegar

Outra característica interessante do jogo é que no mundo onde ele acontece, existe um popular jogo de cartas colecionáveis, baseado nos monstros do jogo. Eventualmente alguns GFs ganham a habilidade de tentar transformar os inimigos em cartas desse baralho durante o combate, apesar de a chance não ser garantida. É possível ganhar cartas de NPCs através de interações, e até realizar trocas. Sem dar spoiler, mas essa mecânica também é importante para o jogo e divertida de desenvolver.

Esses aspectos fazem com que Final Fantasy VIII seja uma faca de dois gumes. Se usadas de maneira incorreta, as mecânicas podem fazer com que o jogador fique relativamente fraco comparado aos inimigos, mas se bem exploradas, podem fazer com que as missões sejam moleza.

De cara nova

Falando sobre o Remaster propriamente dito, a Square Enix fez um trabalho fantástico ao atualizar essa experiência para a geração atual. Foram incluídas algumas mudanças para facilitar a vida do jogador, como a possibilidade de acelerar o jogo praticamente todo em três vezes, ou a opção de desligar os encontros aleatórios com inimigos no mapa.





Os gráficos tiveram uma melhora significativa. Os ambientes estão mais nítidos e com objetos menos serrilhados, mas a mudança real está nos modelos dos personagens. O visual deles apresenta consideravelmente mais detalhes, facilmente notados, por exemplo, na gola do casaco de Squall, ou em sua face. O jogo praticamente inteiro foi aprimorado visualmente, com exceção das cutscenes pré-renderizadas.

Mais curvas

O aspecto mais notável é que as formas estão muito menos poligonais. Como podemos ver na foto abaixo, o cabelo de Squall era triangular e cheio de vértices, ao passo que agora está bem mais arredondado e natural. Isso dá mais personalidade e expressividade aos personagens, fazendo com que o jogador se conecte mais com eles agora que não parecem mais uma massa de polígonos.






Em contrapartida, um ponto negativo é que a tela fica com bordas pretas tanto nas laterais quanto em cima e embaixo. Apesar de provavelmente ser uma necessidade técnica para manter a fidelidade ao aspecto original do jogo, fica uma sensação de espaço mal utilizado, principalmente no modo portátil, onde cada centímetro da tela conta.

O áudio do jogo também foi melhorado. Os sons estão mais polidos, com agudos menos acentuados e batidas mais redondas, chegando como um todo de maneira mais suave aos ouvidos do jogador

Aventura em qualquer lugar

Apesar do espaço reduzido na tela, a portabilidade do Switch é um ótimo complemento a essa já agradável experiência, fazendo com que este seja um pacote bem completo. Juntando a mobilidade com a possibilidade de acelerar o jogo, Final Fantasy VIII é um jogo perfeito para levar para qualquer lugar, podendo ser aproveitado em intervalos curtos ou sessões mais longas igualmente.






Final Fantasy é uma franquia que sempre trouxe pelo menos um pouco de humor em todos os seus jogos, e neste caso, isso é um destaque maior ainda. Os diálogos são recheados de piadas e comédia em geral, e o protagonista, apesar de ser o menos humorístico, acaba sendo um dos mais engraçados. Squall é notoriamente grosso e insensível, muitas vezes provocando risadas ao não ligar nem um pouco para revelações emocionais dos demais membros do elenco.

Isso não quer dizer que Final Fantasy VIII não sabe ser sério. A história é cheia de tensão e reviravoltas, com um começo divertido que fica cada vez mais tenso ao revelar a verdadeira profundidade da trama.

Um exemplo de melhoria

Juntando os aspectos já consolidados do jogo, como a extrema profundidade da jogabilidade, ou a fantástica ambientação, com as novidades agora implementadas como a opção de acelerar o ritmo do jogo ou as grandes melhorias audiovisuais, temos aqui um exemplo de um ótimo remake que acrescenta ainda mais à uma experiência já sensacional.

Final Fantasy VIII Remastered é um ótimo jogo, que cai como uma luva no Switch, e com certeza agradará tanto veteranos da série como novos jogadores que não tiveram a oportunidade de jogar o original até hoje.

Prós

  • Portabilidade completa o pacote perfeitamente;
  • Melhoria significativa nos gráficos e sons;
  • Tutorial faz um bom trabalho em ambientar novos jogadores.

Contras

  • Espaço da tela mal utilizado.
Final Fantasy VIII Remastered - Switch/PC/PS4/XBO - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vladimir Machado
Análise feita com cópia digital cedida pela Square Enix 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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